sábado, 26 de novembro de 2011

O estilo de vida gay e lésbico*




Introdução
A vida cotidiana de lésbicas e gays é semelhante à dos heterossexuais, exceto com relação à orientação sexual. As diferenças existentes são, na maioria das vezes, decorrentes do modo como a sociedade encara a homossexualidade, já que persistem vários conceitos errôneos sobre esta questão.
Algumas vezes, são evidentes as diferenças entre lésbicas e gays. Na verdade, as diferenças entre homossexuais e heterossexuais são menores que as existentes  entre homens e mulheres.
Homossexualidade = Amor
O que as pessoas pensam quando ouvem a palavra homossexual? Sem dúvida, quase todo mundo pensa em "homens gays e sexo". É claro que a homossexualidade tem a ver com sexo, mas não apenas com sexo e não apenas com homens. Existem também mulheres homossexuais.
Independentemente do sexo pelo qual as pessoas se atraem, existe, na maioria delas, a capacidade para o amor e para a sexualidade. Ao falar de amor, não se está pensando somente em sexo e desejo, mas também na busca de intimidade, afeição e companheirismo. Na realidade, a homossexualidade e a heterossexualidade não são mais complicadas que isso.
Ninguém sabe porque alguém "se torna" homossexual. Isso não significa que não se tenha tentado descobrir. Muito pelo contrário. Durante os últimos cem anos, várias teorias foram propostas. Cada uma tentou achar a resposta para o porquê de algumas pessoas serem homossexuais.
A Igreja teve um interesse antigo na homossexualidade, mas somente com relação à atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo, considerada um pecado.
Apenas a partir do final do século XIX, quando a ciência médica passou a estudar a homossexualidade, o interesse pelo indivíduo homossexual aumentou. As primeiras teorias médicas consideravam a homossexualidade uma desordem herdada, um defeito físico. Mais tarde, o interesse foi concentrado na esfera psíquica e a homossexualidade foi descrita como o resultado de distúrbios psicológicos, ocorridos principalmente na infância.
Nos anos 70, surgiram visões completamente novas e positivas sobre a homossexualidade. Psicólogos e sexólogos começaram a vê-la como uma variação sexual normal. Hoje, um número cada vez maior de especialistas acredita que a homossexualidade deve ser vista como o resultado conjunto da hereditariedade, de componentes ambientais e de escolhas positivas.
Ao mesmo tempo, surgiu também um interesse na homossexualidade como um fenômeno social. Antropólogos, historiadores e outros pesquisadores apontaram, dentre outras coisas, para a mudança no modo como a homossexualidade é encarada através do tempo e para as diferenças entre as diversas culturas.
Você pode saber quem é homossexual?
A maioria das pessoas nunca pensa que alguém que encontram pode ser homossexual. Isto porque partem do princípio de que todo mundo é heterossexual. Além disso, têm uma visão definida de como os homossexuais se parecem: "Todos os homens gays são femininos e todas as lésbicas são masculinas".
Essa é a opinião geral, mas não é a realidade. A homossexualidade não pode ser percebida superficialmente. Homens gays e lésbicas agem como todo mundo age. Contudo, se a homossexualidade de uma pessoa fica visível de repente, você descobre que já encontrou lésbicas e homens gays sem ter percebido. Pode ser que o carteiro, o atendente do supermercado, o professor do seu filho, o político local ou seu artista preferido sejam homossexual.
Quantos são os homossexuais?
Muitos homossexuais percebem, desde jovens, suas paixões e interesses dirigidos para pessoas do seu próprio sexo. Outros não entendem, até mais tarde na sua vida, o que significam estes sentimentos. Alguns podem até estar numa relação heterossexual, com família e filhos.
É realmente muito difícil determinar o número de homossexuais, mas estima-se que entre 5% e 10% da população vivem como homossexuais ou têm sentimentos homossexuais não postos em prática por causa das pressões sociais.
Um dos problemas de se calcular o número total de homossexuais é que somente as experiências sexuais têm sido consideradas. Sabemos, hoje, que muitos homossexuais nunca fizeram sexo com pessoas do mesmo sexo, especialmente mulheres homossexuais. Existem também outros que mantiveram relações com pessoas do mesmo sexo, mas não se consideram homossexuais.
Ser homossexual
Freqüentemente, a homossexualidade é mencionada na forma de atitudes negativas, estereótipos e preconceitos, como no caso das piadas sobre gays e filmes pornôs lésbicos. Ou é citada como algo estranho e perigoso, a exemplo das manchetes ameaçadoras sobre homossexualidade.
Raramente, descreve-se a vida cotidiana dos homossexuais: trabalho, compras, acompanhamento de crianças nos cuidados diários ou durante os feriados de verão. Enfim, uma vida normal, como a de qualquer pessoa, homo ou heterossexual.
A não visibilidade dos homossexuais significa que o conhecimento de grande parte das pessoas sobre a vida de gays e lésbicas é limitado. Contudo, já que mais e mais homossexuais estão falando abertamente das suas vidas, essa situação vem se transformando. Com o tempo, as atitudes negativas mudarão.
Eu sou homossexual?
Antes mesmo de conhecer uma palavra que defina seus sentimentos homossexuais, muitas pessoas já estão cientes dos seus desejos. Muitos jovens ouvem que se trata "apenas de uma fase" pela qual estão passando. Outros têm sentimentos que, somente mais tarde, podem ser identificados como homossexuais. Para alguns, um caso amoroso pode ajudar a interpretar seus sentimentos. Outros dizem que foram seus desejos sexuais que os levaram a entender a sua situação.
De certo modo, essas experiências estão relacionadas ao gênero. Os homens, mais que as mulheres, tornam-se cientes de sua homossexualidade através da sua sexualidade. Numa idade precoce, eles podem ter fantasias sexuais ou sentir-se atraídos por outros garotos, podendo ter efetivamente relações deste tipo para testar seus sentimentos.
Já as garotas tornam-se cientes da sua homossexualidade através de um caso de amor e têm geralmente várias amizades com mulheres até que entendam o seu desejo.
Assumindo-se homossexual
Os homossexuais falam em “sair do armário”, uma expressão que significa assumir-se, compreendendo e aceitando seus sentimentos e procurando fazer contato com outros. "Sair do armário" também significa contar sobre os seus sentimentos a pessoas mais próximos de você.
As experiências de “sair do armário” variam muito. Algumas pessoas dizem que, para elas, tudo aconteceu rápido e foi como se todas as peças de um quebra-cabeça se encaixassem. Para outros, esse foi um processo longo e difícil, que durou anos, ou mesmo décadas. Com freqüência, antes de aceitarem sua condição ou de terem se assumindo completamente, essas pessoas compreenderam o que estava acontecendo.
Sem dúvida, as circunstâncias em torno deles influenciaram o grau de dificuldade para se assumirem, como, por exemplo, idade, local de moradia ou de trabalho.
Todo esse processo depende do tipo de pessoa que se é. Alguns estão prontos para seguir seu próprio caminho e não temem a reação das outras pessoas. Outros têm uma maior necessidade de serem aceitos e acreditam que não é possível viver abertamente.
Muitos acreditam que as pessoas a sua volta, se souberem da sua homossexualidade, vão evitá-los. Algumas vezes, acontecem reações negativas, mas a experiência mostra que pode acontecer o contrário. A família, os colegas e os amigos podem não apenas aceitar a situação, como também admirar a coragem e a honestidade daqueles que se colocam como são.

Encontrando outros homossexuais

 O primeiro encontro com outros homossexuais, em geral, é surpreendente. Antes disso, a solidão é, quase sempre, a parte mais difícil de ser homossexual. Acredita-se, literalmente, que “não exista ninguém que se sinta do mesmo jeito”. Sabe-se da existência de outros homossexuais, mas não se sabe onde encontrá-los.
Algumas vezes, lésbicas e gays descrevem seu primeiro contato com outros homossexuais como “encontrar seu lar”. Talvez, sintam-se assim porque finalmente encontram outros com as mesmas experiências, ou que se parecem com eles e entendem sobre o que se está falando. È como encontrar pessoas que falam a mesma língua.

Um grupo invisível

 Geralmente, quando a homossexualidade é discutida, o debate é, na verdade, sobre homens gays. As mulheres lésbicas são, em geral, ignoradas. Por que as lésbicas não são tão visíveis quanto os gays? Basicamente, porque vivemos em uma sociedade governada por homens. As mulheres são menos visíveis do que os homens, sejam elas heterossexuais ou homossexuais. A vida dos homens, gays ou heterossexuais, é vista como mais interessante e é dado a eles um maior espaço.
Isto também tem a ver com o modo como a sexualidade é encarada. Os desejos sexuais e a satisfação das mulheres são vistos como totalmente dependentes dos homens. Um exemplo disto são as cenas “lésbicas” dos filmes pornográficos para homens heterossexuais. Estas cenas não são completamente consumadas até que um homem entre na jogada.
Essa visão da sexualidade faz com muitas pessoas não consigam imaginar o que duas mulheres podem fazer “por conta própria”. O mesmo não acontece com relação ao sexo entre dois homens. Como a homossexualidade é sempre associada com sexo, em conseqüência os homens gays recebem mais atenção.
As mulheres lésbicas têm se tornado mais visíveis nos últimos anos. Mulheres bem conhecidas assumiram-se nos meios de comunicação e a decisão de lésbicas de terem filhos tem chamado a atenção da mídia.

Ambientes lésbicos

 As imagens sobre as lésbicas são freqüentemente estereotipadas. No começo do século, uma lésbica era retratada como uma mulher mais velha, mais experiente. Usualmente, uma professora de uma escola para meninas, que, calculadamente, tentava seduzir jovens e inocentes garotas.
Nos anos 70, surgiu a imagem de lésbicas masculinizadas de cabelos curtos, com forte aversão aos homens e ativas nos movimentos feministas.
Acima de tudo, essas imagens distorcidas deveriam funcionar como uma advertência assustadora, que procurava defender o papel tradicional das mulheres. “A professora da escola feminina” era uma ameaça ao papel tradicional feminino por ela ser, ao mesmo tempo, solteira e financeiramente independente. O mesmo para “a feminista”, que agia sem precisar dos homens.
Em diferentes épocas, as mulheres lésbicas procuraram locais de freqüência exclusivamente feminina. Podia ser uma escola feminina, o movimento feminista, os grupos de escoteiras ou um time esportivo. Nestes ambientes – independente da sua orientação sexual – as mulheres encontraram companheirismo, amizade e intimidade. Hoje em dia, existem clubes e associações direcionadas para lésbicas.
A vida dos gays desafia a sociedade
O fato de serem mais visíveis do que as lésbicas não torna a vida dos gays mais fácil. Ao contrário, no que se refere aos gays, a conexão entre visibilidade e preconceito é muito evidente. Ela pode tomar a forma de ataques, nos quais gangues aparecem nos pontos de encontro homossexuais somente para assustá-los ou feri-los.
Particularmente, por causa da sua sexualidade, os gays sempre foram descritos como “o inimigo”. De vez em quando, o medo da homossexualidade masculina reflete-se em debates longos e intensos.
A resistência à homossexualidade feminina e masculina é baseada nas mesmas acepções. Somente por existirem, gays e lésbicas desafiam os papéis dos gêneros, a tradicional família nuclear e o monopólio heterossexual sobre o amor e os relacionamentos.
Uma parte da cultura dos gays é obviamente centrada na sexualidade. Em todo o mundo, existem parques, banheiros públicos e cinemas pornôs, onde homens homossexuais encontram-se para ter contatos sexuais. Contudo, existe também uma cultura de bares e discotecas, locais onde os homens podem encontrar-se socialmente e estabelecer contatos para relacionamentos mais duradouros.
Ao longo dos anos, a sociedade tentou regular, de diferentes maneiras, a sexualidade dos homens homossexuais. Nos anos 50, isso se deu na forma de batidas policiais nas festas freqüentadas por gays. Dizia-se querer, com essas atitudes, proteger a juventude.
A busca de gays por contatos sexuais é uma parte tão visível de sua vida social que é comum colocar-se de lado o fato de muitos gays viverem relações românticas duradouras, assim como fazem as lésbicas e os heterossexuais.
Na década de 80, o HIV e a AIDS influenciaram a vida dos gays. Muitos perderam, ou conhecem alguém que perdeu, amantes e amigos para a AIDS. Outros foram diretamente afetados. No geral, eles aprenderam a conviver com o HIV, conscientizando-se, como nenhum grupo, da necessidade de proteção contra o contágio.
Homossexuais mais velhos
Muitas pessoas acreditam que pessoas mais velhas não têm vida sexual, mesmo no caso de heterossexuais. Muitos dos homossexuais mais velhos viveram em uma sociedade muito mais preconceituosa que a atual. Alguns viveram épocas em que as relações homossexuais eram ilegais e poderiam ser punidas com sentenças de prisão. Devido a estas experiências assustadoras, muitos homossexuais mais velhos são relutantes em falar sobre a sua orientação sexual.
Esse silêncio cria problemas quando, com a idade, começa a aumentar a necessidade da ajuda de outros. As equipes de hospitais ou os assistentes sociais raramente percebem que o “bom amigo” de um paciente é, na verdade, seu companheiro.
Nos últimos anos, a situação de homossexuais mais velhos recebeu mais atenção no movimento gay e lésbico. Foram criados grupos especiais para homens e mulheres mais velhos. Esses grupos dão apoio e ajuda para que as pessoas lidem com atitudes negativas com relação à homossexualidade. Neles, podem ser encontrados velhos e novos amigos, o que permite a socialização dos seus integrantes. Esses grupos contrabalançam também a cultura homossexual predominantemente dominada pela juventude.
Jovens gays e lésbicas
A adolescência é o tempo em que se começa seriamente a descobrir sentimentos relacionados a amor, namoros e sexo. Conversa-se com amigos sobre quais são as pessoas por quem se está interessado e em como encontrá-las. Contudo, os amigos geralmente acreditam que todo mundo está interessado no sexo oposto e, freqüentemente, a atitude direcionada à homossexualidade é abertamente negativa, especialmente entre os rapazes.
Muitos homossexuais ficam preocupados que seus amigos descubram seus verdadeiros sentimentos. Algumas vezes, eles optam por evitar os amigos. Outros tentam provar sua heterossexualidade, buscando vários relacionamentos e contatos sexuais com o sexo oposto.
Homossexuais mais jovens alegam que a falta de modelos e a "invisibilidade" da homossexualidade torna complicada a “saída do armário” na juventude. Os rapazes não conseguem se reconhecer em imagens estereotipadas ou caricaturais. Com relação a jovens lésbicas, o silêncio parece ainda maior.
Na escola, a educação sexual ou os programas de saúde concentram-se, predominantemente, na discussão dos sentimentos e da sexualidade dos heterossexuais. Nos piores casos, os sentimentos homossexuais são descritos como “algo passageiro”, que será superado com o passar do tempo.

Pais homossexuais

Alguns gays e lésbicas têm filhos. A maioria das crianças é fruto de uma relação heterossexual prévia. Contudo, alguns homossexuais, mesmo depois de assumidos e com o objetivo de terem filhos, apelam para a inseminação artificial ou para relacionamentos com amigos do sexo oposto. Em poucos casos, homossexuais solteiros adotam crianças.
Existem vários preconceitos com relação à paternidade de homossexuais e quanto ao desenvolvimento das crianças. Contudo, todos os estudos já realizados mostram que os filhos de homossexuais desenvolvem-se do mesmo modo que os de heterossexuais. Resultados semelhantes foram obtidos, quando se estudou a identidade de gênero ou a identidade sexual. Os filhos de homossexuais têm um contato social tão bom quanto os filhos de heterossexuais e não são mais hostilizados que as outras crianças.
As pesquisas mostram que a identidade sexual dos pais não influencia a orientação sexual futura da criança ou a qualidade do ambiente caseiro. O importante para a criação dos filhos é a disponibilidade dos pais, sejam eles homossexuais ou heterossexuais.
Será mesmo assim?
            Algumas dúvidas comuns sobre a homossexualidade demonstram a persistência de conceitos errôneos sobre o tema:
  1. Em uma relação homossexual, um parceiro faz o papel feminino e o outro o masculino?
NÃONa relação homossexual, os parceiros podem adotar aspectos de papéis de todos os gêneros. Isso significa que não se “representa” o sexo oposto.
  1. Os homossexuais são mais obcecados por sexo que os heterossexuais?
NÃOO sexo é mais visível nos relacionamentos de homens que no de mulheres. As diferenças entre a sexualidade masculina e a feminina é maior do que a diferença entre a sexualidade de homossexuais e heterossexuais.
  1. Os homens homossexuais são pedófilos e molestam crianças?
NÃOProporcionalmente, existem mais homens heterossexuais envolvidos em abusos sexuais de crianças.
  1. A homossexualidade é causada por uma trauma de infância?
NÃO. Ninguém sabe porque alguém “se torna homossexual”. Existem diferentes teorias que falam sobre hereditariedade e ambiente. A maioria dos homossexuais não teve qualquer dificuldade durante a infância.
  1. Os filhos de homossexuais tornam-se homossexuais?
NÃO. A pesquisa científica já realizada mostra que estas crianças não se tornam homossexuais numa proporção maior que os filhos de heterossexuais.
  1. Os homossexuais são atraídos por todas as pessoas do mesmo sexo?
NÃONão é suficiente que a pessoa seja do mesmo sexo. Os homossexuais têm, com relação a seus parceiros, tantas exigências quanto os heterossexuais.
  1. Informações positivas sobre a homossexualidade resultam em mais pessoas tornado-se homossexuais?
NÃO. Informação não faz com que as pessoas tornem-se homossexuais. Por outro lado, mais pessoas terão mais coragem de viver como homossexuais na medida que a informação contribua para reduzir os preconceitos.
Masculino – feminino
Quando se discute sexualidade, muita gente acredita que exista uma grande diferença entre homossexualidade e heterossexualidade. As pesquisas mais recentes sobre sexualidade e gênero mostram que a diferença é maior entre homens e mulheres do que entre homossexuais e heterossexuais.
Os homens parecem achar mais fácil dissociar a sexualidade dos relacionamentos ou casos amorosos. Pode-se dizer, também, que os homens usam o sexo como um meio de intimidade ou como uma maneira de começar um relacionamento romântico.
As mulheres são mais dependentes de um contexto emocional para o seu prazer sexual. Pode-se dizer, ainda, que, para as mulheres, uma maior intimidade com os parceiros torna mais importante a atividade sexual.
Gays - Lésbicas
Para os homens gays, existem diferentes lugares para encontrar pessoas que estão procurando contatos sexuais casuais. Alguns homens gays são também mais abertos com relação a ter vários parceiros sexuais, mesmo quando envolvidos em um relacionamento romântico.
As lésbicas tendem a procurar por parceiras em locais onde possam se conhecer melhor. As relações são, no geral, monogâmicas. Os encontros sexuais casuais são vistos como uma ameaça aos relacionamentos lésbicos, nos quais a sexualidade é raramente separada do resto da vida romântica do casal.
Isso são, é claro, generalizações. Muitos gays têm relacionamentos monogâmicos e algumas lésbicas têm encontros sexuais casuais, mesmo quando estão se relacionando.
Visão médica
A definição da ciência médica do que é normal ou anormal teve sempre mais relação com a moralidade do que com a ciência. Isto é particularmente evidente quando se analisa o modo como a homossexualidade vem sendo descrita e explicada. Por quase 100 anos, a ciência médica oprimiu os homossexuais.
Quando, no final do século XIX, a medicina passou a se interessar pela homossexualidade, os médicos declararam que ela era expressão de uma androginia interiorizada, de um gênero duplo. Os homossexuais eram, então, encarados não apenas como sexualmente desviantes, mas também como fisicamente e psicologicamente desviantes.
Os homossexuais foram descritos como femininos e interessados em atividades tipicamente femininas. Pensava-se que eles tinham vozes, físico e crescimento piloso tipicamente femininos. Similarmente, as lésbicas eram descritas como tendo vozes graves, ombros largos e crescimento piloso masculino.
Mesmo hoje, nós podemos ver como essas idéias permanecem na maioria das noções sobre homossexualidade. Especialmente nas imagens preconceituosas da gays e lésbicas.
Durante os anos 90, a ciência médica "explicou" a homossexualidade em termos psicológicos. Essas explicações vêm sendo suscetíveis a mudanças de tendências nesta área.
Visão religiosa
Um dos argumentos mais comuns contra a homossexualidade é o de que ela é condenada pela Bíblia. Tanto no Velho quanto no Novo Testamento, as atividades homossexuais são mencionadas num contexto negativo. Por outro lado, não há menção sobre a homossexualidade nos evangelhos.
Atualmente, dentro do cristianismo, existem duas visões predominantes sobre a homossexualidade. Elas estão baseadas em modos diferentes de interpretação da Bíblia.
Um grupo aceita os sentimentos e a sexualidade homossexuais. Para ele, a Bíblia deve ser interpretada segundo a época, a cultura e o contexto religioso no qual foi escrita. Existem várias outras recomendações na Bíblia que não são mais consideradas como modernas e, por isso, não são mais vistas como significativas. Essa escola é usualmente chamada de interpretação histórico-crítica.
A atitude negativa com relação à homossexualidade é principalmente encontrada naqueles que representam a interpretação bíblica fundamentalista ou literal. Eles acreditam que as palavras da Bíblia são aplicáveis hoje do mesmo jeito que eram aplicadas no tempo em que foram escritas. Os seguidores desta interpretação podem aceitar a idéia da existência de homossexuais, mas têm uma visão negativa com relação ao amor e a sexualidade homossexuais. Eles são contra todas as tentativas de igualar os relacionamentos homossexuais aos heterossexuais, por exemplo, em termos legais.

geração tolerância



Os adolescentes e jovens brasileiros começam a vencer o arraigado preconceito
contra os homossexuais, e nunca foi tão natural ser diferente quanto agora. É
uma conquista da juventude que deveria servir de lição para muitos adultos


Silvia Rogar e Marcelo Bortoloti
Lailson Santos
UMA TURMA COLORIDAPaulo, William, Marcus, David, Charles, Akira, Jefferson (de pé, da esq. para a dir.); e Harumi e Daniele(sentadas): eles abriram o jogo para os pais ainda na adolescência
Longe do estereótipo"Sempre tive atração por meninas, só que morria de vergonha de me aproximar delas e revelar o que sentia. Precisei de alguns anos para aceitar, eu mesma, a ideia. Foi na internet que consegui arranjar a primeira namorada. Quando a coisa ficou séria e eu quis levá-la a minha casa, contei a meus pais, que, como era esperado, sofreram. Meus amigos também já sabem que sou homossexual. No começo, estranharam. Nunca me enquadrei no estereótipo da menina gay, masculinizada, mas não tenho dúvida quanto à minha opção. O melhor: depois de um processo difícil, isso acabou se tornando natural para mim e para todos à minha volta."Harumi Nakasone, 20 anos, estudante de artes visuais em Campinas
Apresentar boletim escolar com notas ruins, bater o carro novo da casa, arrumar inimizade com o vizinho já são situações difíceis de enfrentar diante do tribunal familiar, com aquela atemorizante combinação de intimidade com autoridade dos pais. Imagine parar ali diante deles e dizer a frase: "Eu sou gay". Não é fácil para quem fala, menos ainda para quem ouve. As mães se assustam, mas logo o amor materno supera o choque do novo. Os pais demoram mais a metabolizar a novidade. A orientação sexual ainda é e vai ser por muito tempo uma questão complexa e tensa no seio das famílias. Isso muda muito lentamente. O que mudou muito rapidamente, porém, foi a maneira como a homossexualidade é encarada por adolescentes e jovens no Brasil. Declarar-se gay em uma turma ou no colégio de uma grande cidade brasileira deixou de ser uma condenação ao banimento ou às gozações eternas. A rapaziada está imprimindo um alto grau de tolerância a suas relações, a um ponto em que nada é mais feio do que demonstrar preconceito contra pessoas de raças, religiões ou orientações sexuais diferentes das da maioria.
Esses meninos e meninas estão desfrutando uma convivência mais leve justamente em uma fase da vida de muitas incertezas, quando a aceitação pelos pares é decisiva para a saúde emocional e mental. Isso é um avanço notável. Por essa razão talvez, a idade em que um jovem acredita que definiu sua preferência sexual tem caído. Uma pesquisa feita pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro (Uerj) e de Campinas (Unicamp) tem os números: aos 18 anos, 95% dos jovens já se declararam gays. A maior parte, aos 16. Na geração exatamente anterior, a revelação pública da homossexualidade ocorria em torno dos 21 anos, de acordo com a maior compilação de estudos já feita sobre o assunto. À frente do levantamento, o psicólogo americano Ritch Savin-Williams, autor do livro The New Gay Teenager (O Novo Adolescente Gay), resumiu a VEJA: "O peso de sair do armário já não existe para os jovens gays do Ocidente: tornou-se natural".
Lailson Santos
A mãe torce para que ele ache um bom companheiro"Aos 16 anos, quando contei à minha mãe que preferia os homens às mulheres, ela ficou possuída de raiva. Eu achava que a notícia não causaria tanta comoção. Não havia aberto o jogo sobre minha sexualidade, mas tinha certeza de que minha mãe já desconfiava. Nunca levava garotas em casa nem falava delas. O dia em que contei tudo, no entanto, foi um divisor de águas para nós dois. A relação ficou muito tensa. É interessante como a coisa, depois, vai sendo assimilada. Ela abandonou o sonho de me ver chefe de uma família tradicional e, no lugar disso, passou a sonhar com um bom companheiro para mim. Isso ainda não aconteceu. Hoje, no entanto, minha vida é ótima. Não escondo das pessoas de que mais gosto o que realmente sou."Gabriel Taverna, 19 anos, estudante de São Paulo

Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas para "se divertir e paquerar" (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é "militar"). A questão central é que eles simplesmente deixaram de se entender como um grupo. São, sim, gays, mas essa é apenas uma de suas inúmeras singularidades - e não aquela que os define no mundo, como antes. Explica o sociólogo Carlos Martins: "Os jovens nunca se viram às voltas com tantas identidades. Para eles, ficar reafirmando o rótulo gay não só perdeu a razão de ser como soa antiquado". Ícone desses meninos e meninas, a cantora americana Lady Gaga os fascina justamente por ser "difícil de definir o que ela é". São marcas de uma geração que, não há dúvida, é bem menos dada a estereótipos do que aquela que a precedeu. Diz, com a firmeza típica de seus pares, a estudante paulista Harumi Nakasone, 20 anos: "Nunca fiz o tipo masculino nem quis chocar ninguém com cenas de homossexualidade. Basta que esteja em paz e feliz com a minha opção".
Miriam Fichtner
Não era uma fase
"No início da adolescência, já me sentia atraída por meninas. Aluna de um colégio de freiras, havia crescido ouvindo que o amor entre pessoas do mesmo sexo era algo imperdoável, mas nunca vi a coisa assim. A mim, parecia natural. Aos 14, até tentei namorar um menino. Não funcionou. Um ano depois, quando me apaixonei de verdade por uma garota, resolvi contar a meus pais. Minha mãe repetia: ‘Calma que passa, é uma fase’. A aceitação da ideia é um processo lento, que envolve agressões de todos os lados e decepção. Sei que contrariei o sonho da minha família, de me ver de grinalda e com filhos, mas a melhor coisa que fiz para mim mesma foi ser verdadeira. Por que me sentir uma criminosa por algo que, afinal, diz respeito ao amor?"Amanda Rodrigues, 18 anos, estudante de artes visuais no Rio de Janeiro

A tolerância às diferenças, antes verificada apenas no ambiente de vanguardas e nas rodas intelectuais e artísticas, está se tornando uma regra - especialmente entre os escolarizados das grandes cidades brasileiras. Uma comparação entre duas pesquisas nacionais, distantes quase duas décadas no tempo, dá uma ideia do avanço quanto à aceitação dos homossexuais no país. Em 1993, uma aferição do Ibope cravou um número assustador: quase 60% dos brasileiros assumiam, sem rodeios, rejeitar os gays. Hoje, o mesmo porcentual declara achar a homossexualidade "natural", segundo um novo levantamento com 1 500 adolescentes de onze regiões metropolitanas, encabeçado pelo instituto TNS Research International. O mesmo estudo dá outras mostras de como a maior parte dos jovens brasileiros já se conduz pela tolerância em vários campos: 89% acham que homens e mulheres têm exatamente os mesmos direitos e em torno de 80% se casariam com alguém de outra raça ou religião. "À medida que as pessoas se educam e se informam, a tendência é que se tornem também mais intransigentes com o preconceito e encarem as questões à luz de uma visão menos dogmática", diz a psicóloga Lulli Milman, da Uerj. Foi o que já ocorreu em países de alto IDH, como Holanda, Bélgica e Dinamarca. Lá, isso se refletiu em avanços na legislação: casamentos gays e adoção de crianças por parte desses casais são aceitos há anos. No Brasil, onde não há leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal.
Fotos divulgação
OS GAYS NA ARTE
Homossexualidade contida na tela de Caravaggio (à esq.)
e escancarada na taça romana do século I

Ainda que o preconceito persista em alguns círculos, atingiu-se um estágio de evolução em que professá-lo se tornou um gesto condenável pela maioria - um sinal de progresso no Brasil. Nas Forças Armadas, onde a aversão a gays sempre se pronunciou em grau máximo (apesar de o regimento interno repudiar a perseguição aos homossexuais), a diferença é que, agora, quando surge um caso desses entre os muros do Exército, o assunto logo suscita indignação. Ocorreu com um general que, neste ano, veio a público posicionar-se contra a presença de gays nas Forças Armadas. Sob pressão, precisou retratar-se. Recentemente, o lutador de vale-tudo Marcelo Dourado, 38 anos, surgiu no programa Big Brother Brasil, da Rede Globo, dizendo que "homem hétero não pega aids". Além de uma bobagem, a declaração foi tachada de preconceituosa - e a Globo precisou ocupar seu horário nobre com as explicações do Ministério da Saúde sobre o tema. Mesmo que às vezes usados como bandeira por bandos de militantes paparicados por políticos em busca de votos, pode-se dizer que tais episódios apontam para uma direção positiva. Afirma o filósofo Roberto Romano: "A experiência mostra que o desconforto com o preconceito cria um ambiente propício para que ele vá sendo exterminado".
Miriam Fichtner
Assumidos, mas discretos
"Aos 15 anos, depois de alguns flertes com meninos e nenhuma relação com meninas, conheci meu atual namorado. Apaixonado e angustiado por viver escondido, achei que não havia outro caminho senão abrir a questão para os meus pais. Até hoje, não falamos muito sobre o assunto, mas eles já aceitam a situação, e até levo o Leandro para dormir lá em casa. Às vezes, andamos de mãos dadas, mas não trocamos beijos em público. Não preciso ficar expondo minha sexualidade. Prefiro as boates que meus amigos, gays ou não, frequentam ao circuito GLS." Victor Guedes, 19 anos, produtor de moda (à esq.), com o namorado Luiz Leandro Caiafa, 20, estudante de ensino técnico no Rio de Janeiro

A notícia de que um filho é homossexual continua a causar a dor da decepção a pais e mães (descrita pela maioria dos ouvidos por VEJA como "a pior de toda a vida"). Com pavor de uma reação violenta do pai, meninos e meninas preferem, em geral, contar primeiro à mãe. "Quando meu filho me disse que gostava de meninos, sabia que os velhos sonhos teriam de ser substituídos por algo que eu não tinha a menor ideia do que seria", relata a analista financeira paulista Suerda Reder, 41 anos. É com o tempo que a vida vai sendo reconstruída sob novas expectativas. Dois anos depois da revelação, o namorado de Victor, filho de Suerda, frequenta sua casa sem que isso seja motivo de constrangimento. Muitos pais já compreendem (com algumas idas e vindas) que, ao apoiar os filhos, estão lhes prestando ajuda decisiva. "Quando a própria mãe trata o fato com naturalidade, a tendência é que o preconceito em relação a ele diminua", diz a estilista gaúcha Ana Maria Konrath, 55 anos, em coro com uma nova geração de mães - também mais tolerantes. O que elas sabem por experiência a ciência em parte já investigou. Segundo um estudo americano, conduzido pela Universidade Estadual de São Francisco, jovens gays que convivem em harmonia com os pais raramente sofrem de depressão, doença comum entre vítimas de preconceito.
Miriam Fichtner"Nunca me escondi"
"Cheguei a beijar garotas, mas foi só quando troquei o primeiro beijo com um menino, aos 14 anos, que senti uma emoção real. Era tão claro para mim que resolvi contar a meus amigos mais próximos da escola que era gay. A princípio, eles estranharam. Cheguei a ser alvo de olhares tortos e gritos de ‘bicha’, mas logo passou. Quando contei a meus pais, no ano passado, eles no fundo já sabiam. Nunca me preocupei em levar garotas para casa só para me passar pelo que não era. Também não tenho necessidade de ficar me reafirmando gay na frente dos outros. Isso é bobo demais. Para mim, é só mais uma de minhas características."Hector Gutierrez, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio numa escola particular de Minas Gerais

Um conjunto de fatores ajuda a explicar o fato de a atual geração gay ser mais livre de amarras - alguns de ordem sociológica, outros culturais. Um ponto básico se deve à sua aceitação por outros adolescentes. Para esses jovens, o conceito de tribo perdeu o valor, como chamou atenção o antropólogo americano Ted Polhemus, por meio de suas pesquisas. Ele apelidou essa geração de "supermercado de estilos" - ou só "sem rótulos". Nesse contexto, não há mais lugar para algo como o grupo em que apenas ingressam os gays ou os negros, algo que as escolas brasileiras já ecoam. Antes fonte de tormento para alunos homossexuais, alvo de piadas, quando não de surras e linchamentos, o colégio se tornou um desses lugares onde, de modo geral, impera a boa convivência com os gays. Um sinal disso é que a ocorrência de casos de bullying por esse motivo tem caído gradativamente. "É também mais comum que eles andem de mãos dadas no recreio, sem ser importunados, ou que se tornem líderes de turma", conta a pedagoga Rita de Cássia, da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Os próprios colégios reconhecem que, no passado, conduziam a questão à sombra de certo preconceito. "Se surgia um aluno gay, tratava-se imediatamente o assunto como um problema, e os pais eram logo chamados", lembra Vera Malato, orientadora no Colégio Bandeirantes, em São Paulo. "Hoje a postura é apenas dar orientação ao aluno se for preciso."
"Meus sonhos precisaram 
ser reconstruídos"
 
"Acho que toda mãe percebe, a contragosto e com dor, quando seu filho é gay. Sempre tive certeza disso em relação ao Igor, mas alimentava esperanças de que ele mudasse. Cheguei a rezar anos a fio por um milagre. No dia em que meu filho finalmente se abriu comigo, aos 17 anos, fiquei sem chão. Passado o choque, entendi que meus sonhos em relação a ele precisariam ser completamente reconstruídos. Não escondo mais de ninguém que meu filho é homossexual. Sinto que o fato de uma mãe tomar essa iniciativa ajuda a espantar o preconceito. Sempre que arranja um namorado, ele frequenta a minha casa e saímos juntos. Meu filho está feliz. Não é isso que todos nós buscamos?"Ana Maria Konrath, 55 anos, estilista gaúcha, mãe de Igor Konrath, 20, estudante de comunicação social
Miriam Fichtner

Para boa parte dos jovens gays de hoje, a vida subterrânea nunca fez sentido. Diz o produtor de moda carioca Victor Guedes, 19 anos: "Desde que ficou claro para mim que meu interesse era pelo sexo masculino, não pensei em esconder isso dos meus pais. Só esperei a hora certa para abrir o jogo, com todo o tato". É gritante o contraste com as gerações anteriores, às quais lança luz o livro Cuidado! Seu Príncipe Pode Ser uma Cinderela (a ser lançado pela editora Best Seller), das jornalistas Consuelo Dieguez e Ticiana Azevedo. O conjunto de depoimentos ali reunido revela o sofrimento diário enfrentado por políticos, diplomatas e figurões do mercado financeiro que nunca saíram do armário.
Miriam Fichtner
Ele conta tudo no Twitter"Solitário, aos 14 anos resolvi dividir com a minha irmã aquilo que já era muito claro para mim: gostava de meninos, e sabia que isso decepcionaria minha família. Ela chorou, disse que logo essa fase passaria, e o pior: contou para todo mundo. Minha família chegou a me encaminhar ao psicólogo. Depois, à igreja. Não foi fácil, mas o alívio de compartilhar a situação me transformou em outra pessoa. Pouco falo sobre meus namoros, e agiria da mesma forma se eles fossem com meninas. Fico, no entanto, bem à vontade para falar de minha vida amorosa no Twitter, no qual tenho mais de 1 700 seguidores. De onde menos se espera às vezes ainda vem uma agressão gratuita, mas a coisa está mudando para melhor."Lucas El-Osta, 17 anos, estudante do 2º ano do ensino médio no Rio de Janeiro

Ao longo da última década, a indústria do entretenimento tem refletido, de forma acentuada, as mudanças culturais em relação à sexualidade. Na televisão, nunca houve tantas séries retratando o universo gay. Entre as produções de maior sucesso, figuram o seriado americano Glee, que tem como um dos protagonistas um adolescente recém-assumido gay para o pai, e The L Word,sobre um grupo de lésbicas atraentes e chiques de Los Angeles. Nas novelas brasileiras, os homossexuais já não são mais tratados de maneira tão caricatural. "É possível exibir na TV a vida comum de casais gays sem que isso provoque a rejeição do público, como no passado. Hoje, esses personagens fazem o maior sucesso", analisa Manoel Carlos, autor da atual novela das 8,Viver a Vida. Isso não só ajuda a levantar o diálogo sobre a homossexualidade em casa como ainda minimiza a resistência a ela. O rol de celebridades que se assumem gays também cumpre, em certo grau, esse papel. O último a deixar o armário foi o cantor porto-riquenho Ricky Martin, autor do sucesso Livin’ la Vida Loca, que, aos 38 anos, declarou ser gay em tom profético: "Hoje aceito minha homossexualidade como um presente que a vida me deu".
Fotos John Springer/Corbis/Latinstock e Rennio Maifredi/Trunk Archive
O GALÃ E A DIVA
O ator Rock Hudson (à esq.), que manteve casamento de fachada, e Lady Gaga, atual ícone dos jovens gays

A atual geração jamais espera tanto. A idade precoce com que os gays trazem à tona sua orientação sexual chama a atenção dos especialistas. Aos 16 anos, estão ainda na adolescência - uma fase de experimentação e dúvidas. Pondera a doutora em psicologia Ceres Araujo: "Esperar que essa escolha seja eterna para todos é uma simplificação. O que dá para afirmar é que esses jovens têm grande propensão de seguir se relacionando com pessoas do mesmo sexo". Para eles, a homossexualidade está longe de ter a conotação negativa de tantos outros períodos da história. Durante as trevas da Inquisição, arremessavam-se os gays à fogueira. Na Inglaterra do século XIX, eles eram considerados nada menos que criminosos. Em 1895, num dos mais famosos julgamentos de todos os tempos, o escritor irlandês Oscar Wilde, homossexual assumido, foi acusado de sodomia e comportamento indecente. Penou dois anos na prisão. Na Hollywood dos anos 50, o agente do galã Rock Hudson arranjou, às pressas, um casamento de fachada para o ator, com uma secretária. Às voltas com fofocas sobre sua homossexualidade, ele corria o risco de perder contratos. Só em 1985, aos 59 anos e vitimado pela aids, doença que o mataria naquele ano, Hudson se assumiu gay. Num cenário inteiramente diferente, os novos gays não precisam mais passar por esse tormento. Resume o estudante mineiro Hector Gutierrez, 17 anos - típico da geração tolerância: "O dia em que eu contei a verdade a todos foi o primeiro em que me senti realmente livre e feliz".

Recém-saídos do armário

Fotos Jeff Moore/LFI, Marc Larkin/LFI, John Clifton/Zuma Press e Lisa O'Connor/Zuma Press

Reprimidas durante anos, celebridades das mais diversas áreas resolveram vir a público nos últimos meses para assumir-se gays com estardalhaço: da esquerda para a direita, a cantora gospel Jennifer Knapp, o jogador de rúgbi galês Gareth Thomas e o cantor Ricky Martin

Texto sem autoria retrata a vida dura de um gay na sociedade de atual


Recebemos na redação por e-mail um texto sem autoria que parou tudo. Não tinha um que não chorava de tanto rir. É uma crítica muito engraçada ao estilo de vida gay e não tem como rir. Só vale lembrar que o texto não deve ser levado a sério. Ele é para rir de si mesmo, dos amigos, rir sem motivo, ta bom? A dura vida dos gays Para quem acha que a vida gay é tudo diversão, baladação e alegria. Segue a demanda do mercado provando que na verdade é uma vida muito dura (sem duplo sentido!): Nós temos que ser magros. Nós temos que ser divertidos e alto astral. Nós temos que ter ótimo senso de humor, porque gay tem que ser engraçado Nós temos que nos matar na academia 6 vezes por semana Nós não podemos ter nem um vestígio de sombra de barriga. Nós temos que ser tolerantes a drogas e seus usuários e achar tudo muito divertido e moderno. Nós temos que ir a Nova Iorque e Europa pelo menos uma vez por ano. Nós temos que morar nos bairros onde tem mais movimento, bares, restaurantes, boates, pessoas na rua, jamais em um bairro exclusivamente residencial. Nós temos que morar sozinhos, no máximo com o namorado ou amigos, mas nunca com os pais. Nossos apartamentos têm que ser todos decorados e cheios de móveis modernos com detalhes bem coloridos (tipo uma parede vermelha, um puff verde bandeira, velas aromáticas amarelas, etc)... nem pensar em móveis rústicos e cores sóbrias. Nós temos que ter gato ou cachorro das raças poodle, yorkshire ou labrador (o padrão), mas não podem ser doberman, mastin, pitbull, pastor alemão. Nós temos que ter ao menos uma amiga lésbica e uma hetero que adora os viados... e temos que dar selinho nela na boate. Nós temos que saber dançar. Nós temos que ter uma coleção de óculos de sol, relógios, pulseiras, perfumes, anéis e cintos bem maior do que realmente precisamos ou somos capazes de usar. Nós temos que ter cabelo bom... se não for bom, que seja arrumado. Nós temos que ir ao Salão de Beleza, nunca ao Barbeiro. Nós temos que ser inteligentes. Nós temos que detestar futebol. Nós temos que tirar a camisa na boate (o cara pode até transar com homem, mas se não tirar a camisa na boate não será tecnicamente considerado gay). Nós temos que tratar São Paulo como se fosse Nova Iorque e o Rio como se fosse Ibiza. Nós temos que saber conversar sobre política, religião, artes, filosofia, fofoca... menos sobre esportes. Nós temos que fingir que estamos indo a Parada Gay pela causa e não pela pegação. Nós temos que gostar de toda cantora americana peituda de cabelo alisado que grita mais do que canta. Nós temos que aturar a pergunta de mamãe ou de vovó em toda reunião familiar: “quando você vai arrumar uma noiva, filhinho?” Nós temos que ser bons de cama. Nós podemos não fazer, mas temos que considerar uma idéia interessante transar a 3, a 4, a 7, a 23, etc. Nós temos que ter pelo menos 2 namorados por ano, e cada namoro deve durar de 2 a 3 meses. Nós temos que ser infiéis. Nós temos que gostar de música eletrônica, mesmo que seja irritante e dê dor de cabeça. Nós temos que ter o celular mais moderno do mercado com câmera digital pra tirar foto da balada com os amigos e colocar no orkut. Nós temos que ter um secador de cabelo em casa. Nós temos que ser educadíssimos. Nós temos que falar inglês... viado que não sabe inglês é considerado semi-analfabeto. Nós temos que sussurrar ao telefone no trabalho, conversando com um amigo ou namorado, para que não se ouça a conversa, enquanto o colega da baia ao lado fala no dele pra toda empresa escutar: “E aí gostosa, vamos num motelzinho hoje?” Nós temos que ser masculinos e acima de qualquer suspeita, mas soltar a franga com os amigos mais íntimos. Nós temos que entender e achar muito legal umas expressões e gírias indecifráveis como: “uó”, “alibã”, “edi”, “aquendar”, etc. Nós temos que adorar comida japonesa e restaurante tailandês. Nós temos que ir à praia todo fim de semana e se não morar em cidade de praia, fazer bronzeamento artificial. Nós não precisamos ter religião, mas sempre jogar flores pra Iemanjá no fim de ano. Nós temos que comer pouco. Nós temos que viajar sempre de avião... e paquerar o comissário. Nós não podemos ter ressaca, porque no dia seguinte tem Pool Party. Nós temos que ter o carro mais moderno e ele não poder ser tunado sob qualquer hipótese... e mesmo assim, vamos pro trabalho de metrô e pra balada de táxi. Nós temos que caminhar apenas no Ipirapuera ou no calçadão de Ipanema. Nós temos que ter pelo menos uma tatuagem que envolva um dragão, símbolos japoneses ou uma inscrição sem sentido em letras góticas. Nós não precisamos ter curso Superior, mas temos que ganhar bem, seja da maneira que for. Nós temos que considerar a idéia de colocar um piercing um caso a se pensar. Nós temos que ter pelo menos uma camisa que contenha algum número estampado. Nós temos que gostar de bebidas alcoólicas. Nós temos que nos depilar todos. Nós temos que usar camisinha. Nós temos que andar na moda. Nós temos que fazer terapia. E tudo isso antes dos 30, porque depois disso, já se está passado...!!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Todo casal deveria ler

Todo casal deveria ler...
Aos casados ha muito tempo aos que não casaram, aos que vão casar, aos que acabaram de casar,aos que pensam em casar, ...aos que acabaram de se separar, aos que pensam em votar...


Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga.Tudo o que todos querem é amar.Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras.


Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, baba na gravata.Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado.Tem algum médico aí??? Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o quê?


O amor.Mas não  o amor mistificado, que  muitos julgam ter o poder de levitar.O que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho.É tudo o mesmo amor só que entre amantes existe sexo.


Não existe vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.


A diferença é que, entre casais não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta.Por não haver nenhuma garantia  de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar  uma relação que poderia ser eterna.


Casaram.Te amo pra lá, te amo pra cá.Lindo, mas insustentável.O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas.Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e as vezes nem necessita de um amor tão intenso.


É preciso que haja, antes de mais nada, respeito.Agressões zero.Disposição para ouvir argumentos alheios.Aluma paciência...Amor, só, não basta.


Não pode haver competição nem comparações.Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas.Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades.Tem que saber levar. Amar, só , é pouco.


Tem que haver inteligência.Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeição, demissões inesperadas, contas pra pagar.Tem que ter disciplina para educar filhos, exemplo, não gritar.Tem que ter um bom psiquiatra.Não adianta, só, apenas, amar.


Entre casais que se unem visando à longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um.Tem que haver confiança.


Uma  certa camaradagem, as vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou.É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.E que amar, "solamente", não basta.


Entre pessoas que acham que o amor é só poesia, falta discernimento, pé no chão, racionalidade.Tem que ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado.O amor e grande mas não é dois.


É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da 
onipotência.O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.


Um bom amor aos que já têm!


Um bom encontro aos que procuraram!


E felicidades a todos nós!


                                                                                           (Autor: Artur da Tôvola)

mariana y juia soy tu dueña

Amor GLS Mulheres - Final Feliz



O amor para ser de verdade não precisar ser entre pessoas de sexo oposto...Afinal ser feliz não é fazer o que os outros querem e sim o que o seu coração manda... Se você ama alguém do mesmo sexo que o seu eu não diria que é um problema seu...Por que o amor jamais deve ser visto como um problema e sim como uma fonte de felicidade.Se você  ama alguém de sexo oposto ou do mesmo sexo que o seu isso não importa... o importante é que você é feliz. Alias é muito importante que os dois sejam muito feliz!!!

Amor independente do sexo e amor!!!